Os fluxos internacionais de imigrantes e refugiados se intensificaram em escala mundial. Segundo dados do ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), o mundo registrou até dezembro de 2022 o maior número de pessoas deslocadas de maneira forçada de seus países de origem desde a Segunda Guerra Mundial. São cerca de 117 milhões de pessoas fugindo de guerras, perseguições, violações de direitos humanos ou tortura. Desse contingente, pouco mais de 36 milhões são refugiados.

Os países que mais geram refugiados no mundo são: Síria, Ucrânia, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul, Myanmar e República do Congo. Já os que mais recebem refugiados são: Turquia, Colômbia, Polônia, Uganda, Paquistão, Alemanha e Sudão.

O Brasil também vem sendo impactado por esse fluxo migratório internacional. Atualmente, o país acolhe pouco mais de 65 mil refugiados e cerca de 140 mil solicitantes de refúgio de mais de 70 nacionalidades, sobretudo venezuelanos, sírios, afegãos e congoleses. São, em sua maioria, pessoas jovens entre 20 e 40 anos, sendo 60% formados por homens e 40% de mulheres.

Apesar de o Brasil ser internacionalmente reconhecido como um país acolhedor e por ter uma legislação avançada no tema, muitos desafios se colocam diante dos refugiados. Um dos principais obstáculos é a geração de renda. Somam-se a isso, por exemplo, a dificuldade em conseguir uma vaga de trabalho condizente com suas qualificações, não falar o idioma local e a xenofobia.

Do ponto de vista das empresas, alguns dos principais obstáculos para a inserção destas pessoas no mercado de trabalho brasileiro são a falta de reconhecimento de seu direito ao trabalho, o preconceito, a falta de flexibilização interna sobre a documentação para contratação e as diferenças culturais. Em relação aos refugiados e solicitantes de refúgio, a falta do domínio do português, o desconhecimento da cultura local e dificuldades em comprovar seus estudos e capacidades profissionais são características que dificultam tal inserção. 

A integração local de refugiados está ligada de modo intrínseco ao acesso ao trabalho. Deste modo, é primordial que o setor empresarial seja conhecedor dos direitos dessas pessoas e esteja sensibilizado com o tema, a fim de não criar barreiras para contratá-las e não discriminá-las, garantindo, deste modo, o respeito aos seus direitos humanos. Quando sensibilizadas com a questão do refúgio, as empresas podem ir além, agindo como um ator que promove os direitos humanos a partir de uma postura proativa e voluntária.